Financiamento coletivo
- Nós
- 11 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Como funciona a "vaquinha" em tempos de economia colaborativa
Peças de teatro, veículos jornalísticos, livros, jogos de tabuleiro ou ONGs. Qualquer projeto pode criar uma "vaquinha", também conhecidas como crowdfunding, em plataformas exclusivas para este fim. Sim, institucionaram a vaquinha, mas se você pensa que é brincadeira, está muito enganado: vários profissionais sérios mantém a empresa por meio do financiamento coletivo – é o caso do podcast Mamilos e da página de jornalismo independente Mídia Ninja.
O crowdfunding nada mais é do que uma uma ferramenta para arrecadar recursos e tirar projetos do papel. "A princípio, ele pode parecer uma vaquinha online repaginada. Mas, na verdade, essa dinâmica é ainda mais potente", explica Daniélis Farias Heringer de Oliveira, consultora de financiamento coletivo plataforma Benfeitoria. Isto porque, além de financiar uma ideia, é uma maneira de testar produtos e serviços, e construir uma rede de pessoas.
A dinâmica é simples: "Nele, a verba destinada para a realização de determinado projeto parte de um coletivo de pessoas que têm interesse em comum. Nesse cenário, o Catarse se apresenta como uma ponte entre realizadores e apoiadores, que estreita o laço entre as duas comunidades e ajuda a impulsionar o financiamento de projetos criativos", explica Leandro Saionet, da comunicação do Catarse.
Em um momentos de dificuldades de investimentos na cultura por meio de políticas públicas ou ações privadas, o financiamento coletivo é fundamental. "É com ele que escritores, atores, músicos, ilustradores, entre outros, têm a chance de compartilhar o seu trabalho, ao mesmo tempo em que muitas pessoas ganham acesso a projetos inspiradores em diversas áreas culturais e sociais", esclarece Saionet.
"O financiamento coletivo é potência, não é apenas sobre arrecadar dinheiro"
Arrecadar recursos não é a única funcionalidade do crowdfunding: ele é uma ferramenta para divulgar projetos e engajar comunidades. O financiamento coletivo também ajuda a testar uma ideia, pois o retorno do público pode ser um termômetro de interesse coletivo. "O financiamento coletivo é potência, não é apenas sobre arrecadar dinheiro", diz Daniélis, que explica que as "vaquinhas online" já ajudaram a alavancar diversos projetos de relevância cultural no Rio de Janeiro, como o Anima Mundi e o Festival do Rio.
Mas o que as pessoas ganham em troca?
Os autores do projeto podem escolher oferecer recompensas. Por exemplo, autores de livros podem enviar um exemplar ou marcador de páginas para quem apoiá-lo – e pode fazer isso de acordo com o valor investido na obra. "Todos os projetos do Catarse também podem receber apoios sem recompensas. Isso acontece porque, no financiamento coletivo, os apoiadores costumam se envolver também com as causas, os porquês e as motivações por trás dos projetos", conta Saionet.
Para Daniélis, além de ter uma relação de ganha-ganha, o financiamento coletivo é mais uma forma de colaborar com uma ideia e ver aquilo se tornar realidade. "Muitas colaborações vêm da rede primária da pessoa que está por trás do projeto, ou seja, de seus amigos e familiares".
E como funcionam?
Até 2016, o Catarse realizava uma curadoria para os projetos que entravam na plataforma. No entanto, mudaram a estratégia ao notarem que aquilo limitava a chegada de projetos criativos. "A partir daquele ano, não realizamos mais seleções prévias, mas mantemos uma série de práticas que procura manter os projetos de acordo com os nossos termos de uso", explica Saionet. O Catarse é uma fundação sem fins lucrativos e a única taxa que a empresa cobra de todos os projetos é 13% do que foi arrecadado, "com ela que mantemos o funcionamento do site e a manutenção da nossa equipe".
Já na Benfeitoria, todos os projetos são aceitos, com exceção daqueles muito pessoais (para viagens, por exemplo), com cunho religioso ou partidário. Em oito anos, a plataforma movimentou cerca de R$ 40 milhões e viabilizou mais de 2.300 projetos. Um diferencial da empresa é que a comissão é opcional: quem estabelece isto é o criador de cada proposta. "Além disso, a Benfeitoria conta com uma consultoria humanizada e atendimento individual. Isso faz com que nós tenhamos uma aproximação maior e possamos fazer do projeto do realizador uma campanha de sucesso com uma garantia muito maior", explica Daniélis.
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